Desespero. Sabe quando você sente que a única saída é encher a cara? A noite até que estava boa, tinha bebido algumas cervejas com o Pará, mas ele tinha compromisso pela manhã e teve que ir embora. Estranho como quase nunca tenho compromissos pela manhã. Quando ele foi embora bateu o desespero. Uma vontade incontrolável de pirar, sair de mim, ficar na sarjeta. Não agüentei tive que mudar de bar. Pus-me a andar a esmo. Estranhamente não consegui encontrar um lugar para ficar, os botecos pareciam muito comportados, muito limpos, muito jovens. Já havia bebido em muitos deles e nunca tinha tido essa impressão. Alguns eram bons bares, discretos, sem universitários com camisas xadrez e all star. Só gente normal querendo beber e mais nada. Pareciam até silenciosos. Mas não naquela noite.
Já à uma hora de andança, percebi que estava indo pra Lapa. Não era má idéia. O gosto da cerveja já desaparecia de minha boca e lá poderia encontrar um camelô para reabastecer. A idéia de beber cervejas em lata não me incomodou como de costume. Num ambulante poderia beber sem falar, ou seja, com um ou dois gestos a cerveja estaria na minha mão. Tudo que eu não queria era conversar.
Ao chegar a rua Riachuelo, meu destino naquela noite começou a se revelar. Passei pela esquina da rua do Rezende e pensei em Lima Barreto. Ele morou aqui, disse a mim mesmo, será que minha relação com as mulheres vai ser tão pobre quanto a dele? Lima era quase um celibatário e eu estava longe disso. Mas foi assim que me senti. Entrei num bar e pedi cachaça. Cerveja não resolveria meu problema. Bebi uma, duas, na terceira quase vomitei no balcão. Fui ao banheiro mas não saiu nada. Percebi que o motivo dos meus engulhos era o balcão e não a bebida. Paguei e ganhei a Riachuelo de novo, não tinha dado seis passos e fui chamado por uma voz nasal.
Hei, vem cá.
Olhei e era uma figura feia, quase absurda. Grande, pernas grandes, peitos grandes, cara grande. Senti a sensação do balcão novamente. Resisti ao novo engulho e fui.
Olá, você me chamou?
Chamei sim, vamos ali.
Sorri. Fazer o quê minha querida? Ela não percebeu a ironia.
Se você quiser eu te chupo, estou com vontade de chupar um pau.
Com tudo que estava sentindo naquela noite, não me pareceu má idéia, se ela estivesse chupando não poderia conversar, e dar uma gozada é sempre bom. Fomos.
Paramos numa rua pequena, conheço bem a região mas sou incapaz de dizer qual era. Ficamos entre um carro e as grades de um prédio. Não falamos mais nada no caminho, mas sem constrangimento. Estava claro o acordo tácito firmado entre nós. Ela me chuparia e fim. Sem beijos, sem conversas, sem abraços. E foi o que aconteceu. Ela agachou e fez o combinado. Só abri o zíper. Obviamente ela sabia o que fazer e como fazer. Quando acabou levantou-se e foi embora. Só nessa hora percebi o porteiro observando. E veio outro engulho.
Voltei a me dirigir pra Lapa como se fosse um copo vazio. Quando finalmente achei um bom ambulante gesticulei e recebi uma cerveja da lata grande. Não era essa que queria mas me pareceu um bom presságio. Tirei do bolso uma nota e ele não tinha troco. Tentei o bolso de trás onde estaria minha identidade com o dinheiro da passagem de volta. Sorri. Não estavam mais lá. Não pude deixar de pensar que tinha valido muito a pena. Só tinha no plástico da identidade os trocadinhos da passagem. Se ela me cobrasse pelo serviço certamente ganharia uma das notas inteiras do bolso. Não da pra furtar o bolso dá frente enquanto se chupa.
No dia seguinte fui ao cartório fazer uma segunda via da identidade.
Havia uma fila razoável. Por não querer bater papo, estava naquela droga de fila. Foi o único arrependimento. Para me redimir disse ao senhor na minha frente
E esse tempo maluco que não firma heim...
Amigo, estou feliz pelo seu conto, o seu poder de escrever bem, nos prende nessas suas histórias. Contos que são mera realidade, pois percebi a veracidade nas palavras que se apresentavam a olhos vistos...
ResponderExcluirTalvez nunca tenha acontecido contigo, mas essa história é baseada em fatos reais! Saudades do meu companheiro d Dreher gordo e do companheiro d Dreher negro!
ResponderExcluirEu não te conheço, mas você é o meu Chico Buarque!
ResponderExcluirCara... vou te apresentar Vanessão, a rainha da chupetchinha e seus famosos Fintch Reais!!
ResponderExcluirhehehe
Gostei do andamento desse texto. Continuo, corrido, bem encaminhado. Muito bem enredado. Parabéns, viu.
Espero que tenha aprendido a lição, não deixe qualquer louca te chupar>>>>
ResponderExcluirUAU!! Acredito nos dias de sei lá o que, dias em que tudo é nada e vice-versa!!
ResponderExcluirTexto tão real que até senti engulhos ao visualisar algumas cenas...
Ainda bem q o ruim foi só a segunda via do seu RG!! rsrsrs
Beijooo
Andréa
Nossa Fujão! Adorei! Me pareceu que estava ao teu lado num dos bancos do ICHF e escutando vc contando o desenrolar todo da tua noite. Show, parabéns!!
ResponderExcluirBeijos, Rebeca
Estranhamente você escreve bem. Belo conto infantil esse!
ResponderExcluirBelo diário! rsrs
ResponderExcluirPois tenho certeza de que foi exatamente assim que aconteceu...
Um dia quero escrever desse jeito: de forma clara e objetiva! rsrs
Já te falei isso!
Abs!
Caraca, precisa conhecer Vanessão com certeza hahaha
ResponderExcluirSeus textos são mto bem escritos, e as histórias são imundas e hilárias!
Luane
tomar no cú essa cambada de pela saco conto é a puta qui pariu num fode porra tomar no cú seus viadinhos do caralho
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