terça-feira, 13 de agosto de 2013

ISTO NÃO É UMA METÁFORA


      O amor acontece assim: Escuta-se a musica do bar em frente e o burburinho dos últimos clientes, o gosto da cerveja já sumiu completamente do paladar. Os dois corpos descansam semi- encostados e algumas lufadas de vento úmido da chuva fazem um barulho agradável no telhado. E acontece um estalo: Zás! Nem minha pança de mamute e nem sua bunda de mulata são um empecilho. Encaixe. Como se a América do Sul voltasse com toda a força e encontrasse seu lugar na costa da África. Encaixe. Só que ao invés de estabilidade os continentes imitam o primeiro encontro colossal, terremoto após terremoto. Encaixe. E um oceano atlântico de licores afrodisíacos inunda a atmosfera do quarto indicando que fiz a coisa certa. O bar fecha, a chuva para, as paredes do quarto não são mais amarelas, e nunca houve gosto de cerveja. Até que o atlântico jorra em tormentas marítimas de tempos geológicos e ouve-se um gemido tímido que faz o tempo voltar de seu estado de suspensão. Os últimos bêbados ainda papeiam no bar, a chuva não cessou, as paredes do meu muquifo ainda são de um ridículo amarelo. Não acabamos. Meu corpo de mamute salta barulhento sobre o dela, rendida, entregue, receptiva, e mergulho no mar licoroso com prazer de vitorioso até que se esgotam minhas forças de Sísifo e a pedra rola sobre meu corpo novamente. Devemos manter a África árida e infértil, concordamos de forma imperialista. Índios e negros avizinham-se com harmonia, pois formamos novamente o continente único ancestral. Ouve-se um trovão de mar batendo nas pedras, mas é só o ronco de seu descanso merecido. Não tenho sono, nem sede, nem fome, nem nada. Somos apenas um homem e uma mulher. Antes dela trabalhar faremos de novo, e o magma do desejo continuará azeitando o movimento continental. E nos amaremos...